Skinimalism para além da tendência
Menos produtos, menos passos, mais resultados: conheça o skinimalism.
O surgimento em meio a rotinas faciais extensas
Talvez você já tenha ouvido falar (e muito) sobre as extensas rotinas de cuidados com a pele que surgiram nos últimos anos – séries diárias que envolvem o uso de sabonetes, limpadores, demaquilantes, tônicos, seruns, óleos faciais, esfoliantes, cremes, antioxidantes, brumas, secativos e, ufa, protetores solares.
As opções são muitas e se diversificam a cada dia, deixando a impressão de que precisamos de todos eles para uma rotina efetiva – afinal, cada um serve para uma coisa e todos parecem ser úteis e importantes. Essa série de muitos produtos, no entanto, pode tanto drenar nosso tempo quanto desequilibrar o funcionamento natural de nossa pele, o que nos faz pensar em como transformar essas práticas.
É encontrando uma realidade onde o tempo que nos sobra é cada vez mais precioso que surge oskinimalism – ou cuidado com a pele minimalista, em português. A ideia é simples e prioriza o tempo e eficácia: menos produtos, menos passos, mais resultados.

Os passos básicos e a multifuncionalidade
Quando falamos de cuidado com a pele, mesmo fora do skinimalism, temos três passos básicos: limpeza, hidratação e proteção.
Limpeza porque diariamente acumulamos sujidade, microorganismos, sebo e outros compostos em nossa pele que tanto podem causam irritação quanto agir de forma oxidativa, aumentando a concentração de radicais livres em nossa pele.
Hidratação porque depois de limpar é importante repor parte dos NMF’s (fatores naturais de hidratação, em português) da barreira cutânea que perdemos na limpeza. São gorduras, agentes emolientes e umectantes que retornam para nossas células e ajudam elas a se manterem hidratadas, perdendo menos água para o ambiente e recuperando vitalidade e elasticidade.
Proteção porque já sabemos: exposição solar aumenta o risco de câncer de pele e é passo essencial em uma rotina de cuidados que pensa na saúde a longo prazo. Não tem como substituir nem deixar de lado.
Os passos básicos podem ser enriquecidos com fórmulas multifuncionais – ou seja, que trazem mais benefícios para a pele e aumentam as áreas de atuação, melhorando sua performance e eficácia. O skin minimalism une essas duas vertentes, mantendo uma rotina enxuta que não perde em eficiência: a limpeza facial pode ter ativos que ajudam na regulação sebácea, o hidratação pode vir acompanhada de ativos que ajudam processos celulares essenciais, como os prebióticos, enquanto a proteção pode ser reforçada com a presença de antioxidantes na fórmula.
Aqui podemos, é claro, incluir uma máscara de argila semanal ou uma esfoliação leve quinzenal, mas o essencial é que os três passos básicos sejam mantidos: o tempo dedicado é melhor aproveitado e os resultados, mais evidentes e consistentes.

Uma tendência não tem todas as respostas
Quando falamos de skinimalism, falamos de tendência, algo que tem uma movimentação bem capilarizada: não há regras, protocolos rígidos ou um consenso a respeito. Ela toma formas diferentes para pessoas e lugares diferentes, o que pode nos levar a uma transformação de seu significado. Essa plasticidade de uma tendência pode fazer com que as coisas saiam de seu caminho ou com que não se adeque a realidades específicas, como por exemplo:
1. Quando não se sabe o que a pele precisa
Pele com um toque mais áspero pode pedir esfoliação ou hidratação, por exemplo, e para escolher um dos dois passos é importante ganhar intimidade com a própria pele. Diminuir (ou adicionar) passos sem esse conhecimento pode levar uma rotina menos eficiente. Para isso, observe a pele diariamente de acordo com sua alimentação, ciclo menstrual, qualidade do sono e com as estações do ano – essa aproximação com os sinais que nosso rosto dá nos ajuda a entender melhor nosso organismo como um todo e como montar uma rotina de cuidados com mais conhecimento e autonomia.
2. Quando você precisa seguir um protocolo dermatológico
Condições de pele diferentes podem pedir acompanhamento dermatológico e um protocolo de cuidados que vão além desses três passos básicos. Pode envolver medicamentos tópicos, tratamentos, fórmulas específicas e outros tantos cuidados. Uma tendência nem sempre precisa ser encaixada a força em nossas necessidades: conhecimento sobre si é a base para uma rotina que faça realmente sentido.
3. Quando você apenas inclui mais rótulos minimalistas sem pensar de forma ampla
Fórmula minimalista não necessariamente significa que ela se encaixa em uma rotina minimalista. Um serum com apenas um ativo pode ser uma ótima fórmula, mas muitos produtos que contenham apenas um ingrediente para determinada finalidade pode fazer com que seu espelho do banheiro acumule dezenas de frascos que não serão usados dentro do prazo de validade. Dentro da beleza minimalista, a multifuncionalidade reina soberana.
4. Quando uma tendência se torna a resposta para problemas que ela não pode resolver
Aqui estamos falando de tempo, resultados, produtos. A skinimalism é uma tendência que ajuda a gente a repensar os investimentos financeiros e de tempo que fazemos, além de nos lembrar que é possível não acumular infinitas fórmulas que, no fim, serão descartadas. Mas ela não resolve o consumismo ou a baixa auto estima que desenvolvemos a partir de padrões de beleza inalcançáveis: é preciso a partir dela, ir além.
Ao skinimalism e além
Olhar para uma tendência com cuidado pode ser um ponto de partida importante, principalmente quando estamos em uma fase de reavaliar nossas práticas ou aprender mais sobre algum hábito novo que queremos incluir em nossa rotina.
O skinimalism pode ser uma porta aberta para mais flexibilidade financeira, mais eficácia na rotina de cuidados e mais tempo sobrando para se dedicar a assunto mais relevantes, mas não pode jamais se tornar uma prisão da qual temos medo de flexibilizar em nome da própria ideia.
Um hábito faz sentido quanto serve à nossa rotina, se encaixa em nossos ideias e melhora nosso cotidiano. Reduzir nosso consumo é uma resposta sensacional à alta carga de estímulos que recebemos constantemente e deve nos libertar, não nos aprisionar. Aqui, o bom senso, a observação e a flexibilidade são nossos maiores aliados no caminho de construir rotinas que tenham um impacto mais positivo em nossa vida e na de todos os seres.
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