Por que usar esfoliante natural e evitar micro-esferas de plástico
A ação na pele é a mesma, seja um esfoliante natural ou um feito de plástico, mas a ação no meio ambiente é totalmente diferente. Enquanto um é biodegradável e desaparece em poucos dias, o outro pode levar séculos para desaparecer e afeta toda a biodiversidade.
Enquanto pesquisava resíduos de plástico nos Grandes Lagos, Stiv Wilson achou algo inesperado: micro esferas de plástico. Essas não eram fruto da degradação de pedaços maiores, eram elas mesmas pequenas poluentes em seu formato original. Intrigado com esses resíduos, Stiv começou a pesquisar sobre eles e descobriu algo surpreendente! Estas bolinhas eram micro esferas esfoliantes utilizadas em produtos cosméticos desde cremes para o rosto e sabonetes até pasta de dentes e creme de barbear.
Em sua pesquisa descobriu que as micro esferas são feitas basicamente de polietileno, polipropileno, politereftalato de etileno (o PET), polimetil-metacrilato (o acrílico) ou nylon. São esferas leves e flutuantes, e de tão minúsculas os sistemas de tratamento de esgoto não conseguem filtrá-las, o que significa que saem direto do ralo das casas para poluir rios, mares e lagos em todo o mundo.
Fosse apenas este o problema já seria ruim, uma vez que esse tipo de micro partícula interfere na troca gasosa e na luz que reflete dentro dos lagos e oceanos – mas a coisa piora.

Esses materiais plásticos absorvem facilmente substâncias chamadas poluentes orgânicos persistentes: ou seja, são compostos tóxicos estáveis, que não degradam no meio ambiente e têm a capacidade de se bioacumular nos seres vivos que os consomem. Assim, o camarão come micro-esferas cheias de poluentes orgânicos persistentes, o peixe come camarões contaminados, a gaivota come peixes contaminados. No final da cadeia todos comeram direta e indiretamente poluentes tóxicos contidos na vida marinha. Desnecessário dizer que muitas vezes é o ser humano o consumidor final desta cadeia.
Apesar de pequenas, essas micro esferas estão em grandes quantidades nos produtos esfoliantes, chegando a constituir 10% de alguns deles. Só pra ter uma ideia, os cientistas estimam que o Neutrogena Deep Clean possa ter até 360.000 micro esferas esfoliantes em apenas uma embalagem! Quando jogadas nos oceanos se espalham facilmente através das correntes marítimas, sendo portanto impossível despoluir com eficiência toda essa extensão.
Diante desse cenário surgiu o Beat the Microbead, uma campanha que visa banir essas micro esferas dos produtos cosméticos.
A pele humana não precisa de esfoliação diária.
Morar em grandes cidades com ar poluído pode levar a um acúmulo de resíduos pela nossa pele, que podem sair com água e sabão ou podem simplesmente não sair.
Como alternativas para esfoliante natural existem sementes diversas que podem ser utilizadas, como o barato e eficiente café ou sal! Uma forma ainda mais fácil e delicada de esfoliar a pele são movimentos circulares bem leves com a bucha vegetal, durante o banho. De preferência utilizar shampoos e sabonetes sem lauril sulfato de sódio, uma substância que irrita a pele, além de deixá-la mais absorvente a todo tipo de partícula indesejável.
Se infelizmente ainda encontramos muitos produtos com microesferas esfoliantes nas prateleiras dos supermercados, que pelos menos a gente possa adotar novos hábitos, substituindo-as pelo esfoliante natural.
Atualização: as microesferas esfoliantes foram proibidas nos Estados Unidos! Mais informações aqui. Por hora desconheço a repercussão aqui no Brasil.
Imagem de capa e texto: Brendan Bannon/The New York Times, 2013
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