Beleza Consciente: Olhar o Todo, Agir de Acordo

Beleza Consciente é um dos pilares da Trópica e vamos explicar o que esse conceito engloba tanto para quem produz quanto para quem consome.

Definindo nossos termos: beleza e consciente

Quando falamos em beleza consciente, unimos dois termos que precisam ser explicados um pouco melhor para seguirmos adiante falando da mesma coisa.

Beleza, aqui, engloba uma série de rituais de autocuidado que podem ser mais ou menos elaborados. Seja apenas tomar banho e passar desdorante ou fazer longas rotinas de cuidados da pele do rosto, beleza abarca ambas as práticas quando mantemos rotinas cotidianas de cuidados para nos apresentarmos de certa forma ao mundo ao redor. Da simples higine a maquiagens elaboradas, são nesses rituais que estamos elaborando ao outro parte de quem somos – ainda que essas sejam somente a superfície.

Já consciência é um termo extremamente complexo, e aqui ele trata de um aspecto da mente: nossa capacidade de analisar e compreender a interconexão de eventos. Falamos de beleza consciente quando tomamos consciência daquilo que está envolvido em nossos atos de cuidado do corpo.

Olhar para o todo

Quando falamos de consciência da interconexão de eventos envolvidos em nossos rituais de beleza, pensamos em um primeiro momento nas redes que envolvem a produção e consumo desses produtos. Nesse primeiro momento, é importante considerar questões da beleza consciente como a origem da matéria prima, relações trabalhistas, logística de transporte, descarte de materiais e embalagens e por aí vai.

Essa consciência é a que pode mudar nossos hábitos de consumo, uma vez que identificamos que é possível fazer escolhas diferentes e mais alinhadas a outras tomadas de consciência anteriores ou concomitantes a essa. Essas escolhas de consumo mais conscientes impactam cadeias de produção e a viabilidade de negócios mais sustentáveis e locais, fora de grandes conglomerados multinacionais e que podem também fomentar projetos socioambientais que impactam positivamente o local onde estão inseridos.

Aprender sobre ativos, formulações, se envolver ativamente na pesquisa e diálogo sobre esse universo faz parte de olhar para o todo material que envolve a beleza consciente, mas há muito mais além disso.

Ampliando a beleza consciente para além do consumo

Aqui nós já sabemos que podemos mudar hábitos de consumo, mas é possível ir além.

Mais desafiador, mas também mais importante, é começarmos a identificar padrões de pensamentos, discursos e ações acerca da beleza. Em um mundo onde o autocuidado foi transformado em produto e a aparência é mais lembrada que outras características até em entrevistas de emprego, questionar aquilo que é dito é essencial para não cair em armadilhas mentais sobre quem somos e como nos relacionamos com o redor.

É preciso estar atenta aos sentimentos que nutrimos por nosso corpo e suas particularidades, sejam as de nascença ou suas mudanças ao longo da vida, mas também a como há uma estrutura complexa que cria discursos que aparentam nos libertar mas apenas dentro de seus próprios termos (e, claro, através do consumo).

Daí surgem o cabelo natural ideal, a pele natural perfeita, o grisalho que todo mundo deveria ter e com ele novos padrões de beleza que constroem novas pressões sociais sobre quem somos.

Agir de Acordo

Autonomia se consegue através do conhecimento. É ele quem liberta a partir de novas perspectivas de si e do mundo.

Quando falamos em agir de acordo, esse conceito vai além de apenas adequar nosso consumo. Essa é uma parte importante, mas muito além dela está nossa capacidade de questionar aquilo que é dito e analisar se concordamos e se realmente desejamos aplicar isso em nossas vidas de forma a ter mais autonomia ou a atender expectativas que incutiram em nossos desejos sem que nos déssemos conta.

Conhecimento e autoconhecimento andam juntos quando falamos de beleza consciente. É nesse processo de ter acesso ao conhecimento externo e desbravar o autoconhecimento que alinhamos nossas ações e vivemos uma vida mais alinhada aos nossos ideiais e possibilidades, sem frustrações com aquilo que nos aprisiona e não cabe mais em quem somos nem nas transformações pelas quais passamos.